A Associação Quilombola da Comunidade de Santa Efigênia e adjacentes solicitou uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para apresentar uma denúncia de racismo ambiental e violação de direitos humanos, resultante do rompimento da barragem de fundão, em Mariana – MG.
Perturbações climáticas regionais, que resultaram em perdas econômicas e a fragilização de culturas e tradições para as comunidades afetadas foram algumas das alegações apontadas.
Em 2018, a CIDH esteve em Mariana. Na ocasião, foi constatado que não havia progresso nas investigações e na reparação das vítimas. O relatório da CIDH constatou que havia a necessidade urgente de ações concretar, por parte das autoridades brasileiras. Nessa visita, e consequentemente na apresentação, não foram citadas a situação das comunidades quilombola da Vila Santa Efigênia, Engenho Queimado, Embaúbas e Castro.
Essas comunidades são situadas a menos 60 quilômetros da barragem do Fundão. Então foram diretamente atingidas pela lama vindo da barragem. O relatório ressalta que há a necessidade de análises técnicas da água e do meio ambiente da região, que até o momento não foram efetuadas. Tendo em vista que a fundação renova não reconhece o local como área afetada, e desta forma, acredita que não há a necessidade de reparação.
Os quilombolas fizeram essa denúncia em paralelo as audiências de gerenciamento de caso que ocorreram nesta semana, que iniciaram ontem (18) e terminam hoje (19) em Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido. Para saber mais sobre esse tipo de audiência, leia a notícia audiências de instrução sobre o rompimento da barragem de Mariana acontecem essa semana.
No primeiro dia de audiências, veio à tona um e-mail vindo de um ex-funcionário da BHP– que naquele momento era chefe de divisão e membro do conselho da Samarco, Marcus Randolph, ao atual diretor executivo da BHP, Andrew Mackenzie. O documento enviado informa que a BHO solicitou um relatório independente sobre os riscos de rompimento da barragem. O que reforça a tese que a empresa tinha conhecimento sobre o possível desastre. E contradiz a versão da empresa, que alega ser apenas uma acionista.
No e-mail, que foi enviado no dia seguinte do desastre, Marcus Randolph demonstra preocupação com os riscos de rompimento das barragens e seu envolvimento na barragem.
Enquanto isso, diversas vítimas seguem sem serem atendidos pela fundação renova – criada para destinar os recursos para os atingidos, principalmente as mulheres. Estas que deixam de receber o benefício enquanto pessoa, pois a fundação encaminha o dinheiro aos “chefes de família”.
As pessoas que se interessarem em ver depoimentos das pessoas que não foram contempladas com os recursos, podem acessar o jornal independente a sirene, criado por atingidos pela lama da barragem de fundão. Este que diariamente realiza postagens para mostrar para o restante da população como anda o processo de atendimento das pessoas atingidas.